Por Ailton Silvaiguerra
Simões Filho, 27 de Junho 2018
Associação Asa Branca dos Forrozeiros da Bahia
O São João é uma festa marcante na cultura nordestina, uma mistura de sentimentos que ora lembram as festas de fim de ano, ora lembram o carnaval. Sim! Arrisco-me a dizer que as festas juninas são o réveillon do nordeste. Época boa que dá uma felicidade retada de ser nordestino e o forró é o carro chefe desse orgulho.
Nosso forró! Mesmo com toda influência do mundo eletro globalizado e toda oferta cultural a um clique, grandes forrozeiros de todo o nordeste (e de fora dele), trabalham arduamente para manter viva a cultura e identidade do autentico forró. Com esse sentimento foi criada em 2007 a Associação Cultural Asa Branca dos Forrozeiros da Bahia, um grupo de pessoas que chamaram para a si a responsabilidade de manter viva a cultura forrozeira.
A Associação dos Forrozeiros da Bahia tem sede em Simões Filho e abriga o povo do forró e militantes culturais de todas as regiões da Bahia. Fundada por nomes importantes da nossa cultura como: Lourival Serapião, Zé de Zumira, Lindivaldo Campos, Marizete, Zé Augusto do Trio da Saudade, Gilson, Birão, Dojão do Nordeste e outros ilustres amantes do Forró.
Lindivaldo Campos conta sobre essa diversidade: “-Temos 150 sócios, que são admiradores do forró, músicos, dançarinos e produtores em diversas regiões do estado, estamos trabalhando para atuar em toda a Bahia defendendo a valorização dos artistas do Autêntico Forró, também lutar para que o Forró Tradicional tenha o seu espaço garantido nos eventos de municípios baianos, independente de período, ou seja não lembrar do Forró apenas no período das festas juninas”.
A Associação Cultural Asa Branca dos Forrozeiros da Bahia passou por um período de inatividade e desde o início deste ano retomaram as atividades realizando a eleição da nova diretoria. Atualmente a Presidente é D. Marizete Nascimento, tendo como vice presidente Gilmar Catureba. A diretoria atual integra pessoas de Simões Filho, Salvador e Camaçari.
Lourival Serapião que foi o primeiro presidente da Associação ressalta que “muito antes de ser fundada a entidade, já acontecia em nossa cidade desde 1997 o Concurso de Sanfoneiro”, idealizado por ele e amigos. Nesse período foram realizadas 15 edições. O evento visa a valorização do Autêntico Forró. Divido em duas categorias, o Concurso premia os três melhores sanfoneiros nas categorias “Acordeon” e “Oito Baixos”, também conhecida como Pé de Bode. Nomes como Adelmario Coelho, Genival Lacerda, Trio Nordestino, Quininho de Valente, Targino Godim e Cicinho Assis já passaram por esse evento emblemático.
Fico muito feliz por já ter participado de alguns desses momentos. Em dezembro passado passei uma tarde forrozeira, no” 3º Encontro do Dia Nacional do Forró” que teve o apoio da Secretaria Municipal de Cultura de Simões Filho. Naquela ocasião diversos artistas se revezaram no palco do Centro Comercial do Cia I, tocando forró de qualidade para um público ávido por arrastar chinelas.
O forró é uma forma de cultura viva que está presente no nosso cotidiano, sendo assim, gera renda o ano inteiro, músicos, produtores, bares e até academias sustentam seus negócios com a cultura forrozeira. Compreender esse potencial é de suma importância para apoiar ações como a Associação Cultural Asa Branca dos Forrozeiros da Bahia para que o melhor da nossa cultura não se perca pela força da indústria musical que nos empurra goela abaixo um música “anêmica” e pobre como se fosse forró. Não é só questão de gostar ou não de forró, é salvaguardar as suas matrizes e a diversidade da identidade cultural do povo nordestino, pois nesse nosso nordeste onde se semeia cultura, se colhe o forró.
E viva nosso forró!
Ailton Silvaiguerra
Poeta, Agente cultural, produtor de eventos, aluno do curso Processos Gerenciais com complementação de estudos em planejamento e organização de eventos pela FAEL e atualmente trabalha como Coordenador na Secretaria Municipal de Cultura da Prefeitura de Simões Filho.
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