Resultado de imagem para ademário ribeiro

Resultado de imagem para ademário ribeiro

Personalidades culturais: Ademario Ribeiro 

Em meados da década de 90, eu era um jovem aspirante a poeta e vivia enchendo o saco de quem me desse atenção, mostrando meus escritos e sempre aguardando seus comentários. Algumas pessoas me disseram que a pessoa certa para eu mostrar minhas poesias era Ademario Ribeiro, por que era gente entendida no assunto. Procurei saber onde morava, trabalhava. Num tempo que não existia internet deu um trabalho da zorra... Mas eu estava obstinado a conhecer o cara que era tão comentado. Passado algum tempo, descobri seu endereço. Não contei conversa, peguei os meus cadernos, montei na bicicleta e fui encontrar o tal para avaliar minha obra. 

Quando nos encontramos, eu com meu imediatismo adolescente fui direto ao ponto: – Por favor, leia e me diga o que achou. Ele, calmamente sorriu, disse pra mim que leria em outro momento e, com tranquilidade e me convidou para sentar e bater um papo. E esse bate-papo se repetiu por outras e outras tardes, surgindo ali uma grande amizade. 

Assim, tive contato pela primeira vez com nomes como Bertold Brecht, Thiago de Melo, Poetas da Praça, língua indígena e tantas outros saberes. Essa imersão cultural foi intensa e altamente construtiva para mim. Sem dúvida nenhuma Ademario Ribeiro foi minha porta de entrada no universo cultural, a ponto de perceber a transversalidade dos seus fazeres, a intensidade da sua poesia e do seu conhecimento, me motivaram e, com certeza me motivam até hoje. 

Ademario Ribeiro chegou em Simões Filho em 1979, para fazer a supervisão do espetáculo “Cenas na ceia ou Filhos do cotidiano” de sua autoria, texto esse que sofreu censura do governo militar e que, posteriormente, foi estudado e transformado em livro pelos alunos de mestrado e doutorado sob a orientação da Profª Drª Rosa Borges dos Santos do Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia – UFBA. 

Em 1981 casa-se com Natalina Bomfim. Em 1985 lança seu primeiro livro de poemas intitulado “Sopros e Flexas”, no Seleto Social Clube. Sua atuação de destaque como militante cultural, ambiental e pesquisador dos povos indígenas no Brasil, o levou a fundar a ARUANÃ - Associação para Recursos Ambientais e Artísticos em 1986, entidade que de atuação em defesa da natureza e da arte. 

Foi conselheiro da APA Joanes - Ipitanga desde a sua fundação e, ex-titular de Meio Ambiente no Comitê do Território de Identidade Metropolitana de Salvador; fundador e 1º vice-presidente da Academia de Letras e Artes da RM de Salvador. E, entre outras participações em coletivos e publicações em diversos sites, é membro do Grupo de Literatura Indígena sob a mediação de Eliane Potiguara e pesquisador do Grupo de Estudos Comparados em Literaturas de Língua Portuguesa – Grupec, cuja área Predominante: Crítica literária, Estudos Comparados e Gênero e Literatura, Educação e Direitos Humanos, da Instituição: Universidade de Pernambuco – UPE. É pedagogo, especialista em educação pela (UFBA) e mestrando em educação pela pela (USAL) – Argentina. 

Sertanejo das Terras dos Payayá, da aldeia Canabrava (atual Miguel Calmon), voa alto com as asas da erudição e a sabedoria dos antigos, dos que vieram antes e estão em nós. Esse cabra retado que carinhosamente chamo de Pajé, tem todo o meu respeito e admiração. Salve Ademario Ribeiro!! 



“Cabra doudo 

Na cabeça, madeixas, 

Sementes de ideias em profusão 

E precisavas ser tantos para fazer tudo 

Toma teu arco, vai caçar 

Sopros e flechas, publicar 

Aruanã realizar 

Toma a história, vai contar 

E cantar 

Avá avaeté 

Ajuri caua” 

(Ailton Guerra,1997)




Ailton Silvaiguerra

Poeta, Agente cultural, produtor de eventos, aluno do curso Processos Gerenciais com complementação de estudos em planejamento e organização de eventos pela FAEL e atualmente trabalha como Coordenador na Secretaria Municipal de Cultura da Prefeitura de Simões Filho.

Poste um comentário