Por Tatiane Santos do Tabuleiro Baiano 




Foi preso no início da noite desta segunda-feira (03/02), o principal suspeito da morte do líder negro e ativista social Flávio Gabriel Pacífico, conhecido como “Binho do Quilombo”, brutalmente assassinado no dia 19 de setembro de 2017, em Simões Filho, Região Metropolitana de Salvador. Joseilton Ferreira Rocha foi detido na capital baiana e encaminhado para a Polinter, depois de ficar mais de dois anos foragido da justiça.

De acordo com familiares, Joseilton é o principal suspeito de envolvimento com a morte de Binho porque, dias antes do assassinato, o suspeito teria entrado em um embate direto por apropriação indevida de território com o líder quilombola. Joseilton teria invadido um terreno do Quilombo Caipora, onde Binho residia e ele não tolerou a afronta.

Ainda segundo informações, Binho chegou a ser ameaçado por diversas vezes, mas ele preferiu não se curvar diante da situação e acabou morto como um verdadeiro mártir da luta do povo quilombola. Sua morte ficou marcada na história da cidade e ganhou repercussão em nível nacional pelos órgãos de defesa dos povos tradicionais e de matrizes africanas.

Em contato com a redação do Tabuleiro Baiano, uma pessoa próxima de Binho, que prefere não se identificar comentou sobre a prisão do suspeito e o que acredita ter sido a principal motivação do crime que vitimou o quilombola. Ele conta que Joseilton chegou de maneira despretensiosa no quilombo, conquistou a confiança de Binho para posteriormente, tomado pelo sentimento de ambição, planejar a sua morte.

“Esse rapaz chegou lá como um forasteiro, mas Binho, com uma alma boa abrigou ele, deu terreno a ele, mas ele viu que a área era boa e quis dominar tudo. Para ele dominar teria que eliminar Binho e foi isso que ele fez, porque ele via Binho como inimigo e não como amigo. Mas só que Binho tem um legado, ele tinha o povo com ele e esse legado, nem tirando a vida de Binho ele conseguiu apagar”, desabafou.

Com a prisão de Joseilton a família acredita que o caso possa ser elucidado, embora essa não seja a primeira prisão de suspeitos de envolvimento no caso. Em dezembro de 2017 a Polícia Civil chegou a deter Leandro Pereira da Silva, o “Léo”, que seria amigo íntimo de Joseilton e possível participante do assassinato. Leandro chegou a ficar preso por 60 dias, mas, por ser réu primário e não ter sido preso em flagrante, acabou solto. De lá para cá familiares, amigos e admiradores de Binho esperam que a justiça seja feita e que os culpados sejam devidamente punidos.

Relembre o caso

Flavio Gabriel Pacifico dos Santos “Binho do Quilombo” foi morto com mais de 10 tiros dentro do seu carro próximo a uma escola, quando foi abordado por homens em um veiculo branco. O crime aconteceu na comunidade de Pitanga de Palmares, onde ele morava. Segundo informações um dos suspeitos desceu do carro e atirou diversas vezes na direção da vítima. Binho estaria indo para o enterro de uma amiga, quando foi surpreendido.

Flávio Gabriel era filho de Maria Bernadete Pacífico, ex-secretária da Promoção da Igualdade Racial do município e grande militante na luta pela valorização das comunidades quilombolas. O trabalho que ele realizava era voltado por melhorias para sua comunidade. Ele chegou a sair candidatoa vereador pelo partido Pros em 2016, sendo o 45º mais votado com 453 votos. Ele também tentou o mesmo cargo nas eleições de 2012. Binho também era cantor do tradicional samba de viola e era um apaixonado por futebol.

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