“... Amigo é coisa para se guardar debaixo de sete chaves, dentro do coração.
Amigo é coisa para se guardar do lado esquerdo do peito mesmo que o tempo e a distância digam, não...”
(NASCIMENTO,1980)
O tempo passa e Milton Nascimento continua atual em nosso tempo, essa música “Canção da América” aborda um sentimento social bastante discutido nos dias de hoje, quem é esse nosso ou nossos verdadeiros amigos que podemos contar a qualquer hora ou qualquer momento. Porém, existe outro contraponto nas relações sociais, ou seja, aquele que por algum motivo passou a ser inimigo seu ou vice-versa.
Na política acredito que esses sentimentos tenham outros vieses, alguns estudiosos do mundo político afirmam que não existem amigos, ou há raridade nesse espaço, e sim pessoas que estão em sintonia de diálogos, e por isso vivem um elogiando o outro, mas quando suas opiniões e ambições estão em lados opostos o fazem o contrário.
Agora imagina quando o inimigo é fruto da imaginação de um Estado ou de um governante para justificar suas atitudes que extrapola suas competências que as leis vigentes de sua nação os limitam.
Em fins de 1935 o presidente Vargas declarou Estado de Sítio a fim de barrar o avanço dos ideais comunistas, ou seja, o “perigo vermelho”, suspende os direitos civis de todos que de alguma forma fosse “uma ameaça nacional, culminando com o golpe de 10 de novembro de 1937. Com o inimigo real segundo o governo de Vargas justificava suas atitudes para se manter no cargo. Pela mesma forma em 1964, as Forças Armadas tomam o poder, e mais uma vez o comunismo surge como “inimigo” a ser enfrentado, também vale pontuar que inquietações políticas e sociais eram latentes no seio da sociedade. Outro ponto a observar que os partidos de esquerda ao chegarem ao poder pelo mundo, inclusive aqui no Brasil dialogava com essa possibilidade do “inimigo” estar tentando prejudicar seu governo. Estados Unidos seja talvez uma nação com mais “inimigo” pelo mundo.
Estamos em 2020, o senhor excelentíssimo presidente da República Jair Bolsonaro vem dando declarações que seu governo sofre ataques com interesses de retirar o seu direito de governar o Brasil até o fim do seu mandato. Chamo atenção para gravidade da situação política do Brasil, estamos dentro de uma pandemia social e política, o coronavírus apenas agravou uma relação política já bastante polarizada e minada, com forte teor ideológico, com fissuras no campo político e sociais, muitas vezes minada pelo Chefe da Nação. Mas a nossa democracia não pode ser negociada. Fica uma pergunta ou uma Dúvida será que esse governo busca ou já tem um inimigo?
Referências:
REGINALDO DIAS;
Historiador baiano nascido em Simões Filho. Formado pela Universidade Jorge Amado, Pós Graduação - História Social e Política do Brasil.
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