Fins do século XIX, e o Brasil mantém no seu espaço geográfico o serviço forçado, mesmo sofrendo da Inglaterra severas pressões para abolir essa forma de usar mão de obra em condições degradantes, isso não quer dizer que, por trás dessas imposições do Reino Inglês, os interesses dela não estivessem embutidos. O Brasil é a última nação independente da América a abolir a escravidão em 13 de maio de 1888, México 1829, Cuba 1886, Argentina 1853, Uruguai 1826...
A retirada à força de pessoas do continente africano para serem escravizadas em diversas partes do mundo, teve o Brasil como um dos lugares que mais recebeu cidadãos africanos. Os números são conflitantes, estima-se que entre os anos de 1501 e 1870, mais de 12,5 milhões de seres humanos foram arrancados do continente africano, e espalhado por diversos países. Eles foram utilizados em diversas atividades (como carpinteiros, sapateiros, pedreiros, cortadores de cana, trabalhos domésticos, ama de leite, engomadeiras, etc.). Outras modalidades de prestações de serviços muito usados foram os escravos de ganho, e os escravos de aluguel...
Durante o período da escravidão aqui no Brasil tivemos diversas formas de resistências aos serviços escravo e a busca pela liberdade foi uma constante e o quilombo certamente foi um dos lugares em que os cidadãos escravizados buscavam durante as fugas, houve diversas revoltas dos escravizados, na Bahia A Revolta dos Malês em 1835 vai impactar nas relações dos senhores com os seus escravizados, pois os Senhores tinham medo da “haitização” na Bahia e consequentemente pelo Brasil a fora; também é bom salientar o suicídio foi recorrente no período escravocrata. André Rebouças, um engenheiro, cria a Sociedade Brasileira contra a Escravidão e a Confederação Abolicionista, Maria Tomásia Figueiras Lima, uma aristocrata, que lutou para adiantar a abolição no Ceará. As Alforrias foram um dos instrumentos mais usado para darem aos cidadãos escravizados a tão sonhada liberdade. Várias foram as formas de alforrias:
# alforria de pia registro de batismo paga
# verba testamentária testamento (podendo ainda receber registro em cartório) gratuita
# carta de liberdade carta com ou sem registro notarial paga ou gratuita
# alforria de coartada/carta de corte carta com ou sem registro notarial paga em prestações
# as alforrias nos tribunais
Luís Gama, baiano, que usou dos seus conhecimentos jurídico e conseguiu libertar diversos cativos através de ações judicias.
Escravidão jurídica no Brasil se foi em 13 de maio de 1888. Afirmar quais dos atos, datas, personagens, foram mais importantes para o fim da escravidão é algo polêmico, e nesse momento de conjuntura política que passa o Brasil, tem características de lutas com vieses ideológicos. Será? Que temos ideia o que foi esse período para os africanos, vendo seus irmãos partindo sem volta, Será? Que é possível dimensionar o tamanho do Banzo, da depressão que eles tiverem nesse período, e pós escravidão?
O sofrimento provocado pela escravidão, e suas consequências é sem dúvida imensurável, pois desconheço mecanismo que meça o tamanho de sentimentos, frustrações, banzo, depressão... de uma pessoa.
“14 de maio” (Compositores-Lazzo Matumbi, Jorge Portugal)
No dia 14 de maio eu saí por aí
Não tinha trabalho, nem casa, nem pra onde ir
Levando a senzala na alma eu subi a favela
Pensando em um dia descer, mas eu nunca desci
Zanzei zonzo em todas as zonas da grande agonia
Um dia com fome, no outro sem o que comer
Sem nome, sem identidade, sem fotografia
O mundo me olhava, mas ninguém queria me ver
No dia 14 de maio ninguém me deu bola
Eu tive que ser bom de bola pra sobreviver
Nenhuma lição, não havia lugar na escola
Pensaram que poderiam me fazer perder
Mas minha alma resiste, o meu corpo é de luta
Eu sei o que é bom, e o que é bom também deve ser meu
A coisa mais certa tem que ser a coisa mais justa
Eu sou o que sou pois agora eu sei quem sou eu
Será que deu pra entender a mensagem?
Se ligue no Ilê Aiyê
Se ligue no Ilê Aiyê, agora que você me vê
Repare como é belo, êh nosso povo lindo
Repare que é o maior prazer
Bom pra mim, bom pra você
Estou de olho aberto
Olha moço, fique esperto que eu não sou menino (x2)
REGINALDO DIAS; Historiador baiano nascido em Simões Filho. Formado pela Universidade Jorge Amado, Pós Graduação - História Social e Política do Brasil.
Postar um comentário