Imagem produzida com auxilio da I.A




Por: Alex Passos 

Por décadas, o futebol brasileiro foi sinônimo de alegria, arte e glória. Mas, nos últimos tempos, essa imagem se vê cada vez mais borrada por escândalos políticos, escolhas questionáveis e gestões desastrosas. O recente caso envolvendo o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, é apenas mais um capítulo de uma novela longa e vergonhosa que desmoraliza o que um dia foi o maior celeiro de talentos do planeta.

Ednaldo, o primeiro presidente nordestino da entidade máxima do nosso futebol, teve uma ascensão celebrada como símbolo de diversidade regional. No entanto, ver o nome de um baiano — alguém do nosso Nordeste historicamente marginalizado — manchado por denúncias de má gestão e conchavos políticos nos causa uma vergonha dupla: pela corrupção e por alimentar preconceitos que, infelizmente, ainda associam origem a incompetência. É lamentável que essa oportunidade histórica tenha se convertido em decepção.

Com a cadeira de presidente prestes a mudar de dono, a discussão sobre seu sucessor já circula nos bastidores. Nomes como o de Ronaldo Nazário chegaram a ser ventilados, mas nunca avançaram. Falta força política e interesse real em romper com o velho jogo de poder que domina a CBF há décadas. Ronaldo, apesar da idolatria popular e experiência como gestor, esbarra em um sistema que prefere o previsível, o manobrável — alguém que venha de estados com menor tradição no futebol para manter o status quo centralizado. A escolha de um nome vindo de um estado sem expressão futebolística muitas vezes não é fruto de renovação, mas da conveniência política.

Enquanto isso, a Seleção Brasileira vive seu próprio drama. Dentro das quatro linhas, falta alma, estratégia e resultados. A tão esperada chegada de Carlo Ancelotti, um dos técnicos mais vitoriosos do planeta, agora confirmada, custa caro — tanto em cifras quanto em esperança. Será que o italiano saberá lidar com o ambiente tóxico da CBF e com a pressão de reerguer um elenco talentoso, mas perdido? Ou será mais um estrangeiro tragado pela desordem institucional que impera fora dos gramados?

O torcedor brasileiro, apaixonado e exigente, assiste a tudo com um misto de cansaço e resignação. Ainda temos os talentos — é inegável. Mas faltam líderes, projeto e vergonha na cara dos cartolas. O futebol pentacampeão mundial precisa se reinventar ou corre o risco de virar apenas um passado glorioso engavetado em arquivos da FIFA.

A esperança, no entanto, é teimosa. Ela renasce a cada Copa do Mundo, a cada jovem craque que surge nos campos do interior, a cada chute sonhador de um menino descalço em uma rua de terra. O Brasil tem tudo para voltar ao topo — desde que pare de enterrar seus talentos em lobbies e escândalos. O futebol é muito maior que a CBF. É do povo. E precisa voltar a ser tratado como tal.

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