Foto: Lorenzo
Por: Hugo Silva  

A alma da gente é fulgaz.

Ela se encanta fácil com o extraordinário e, sem perceber, começa a achar que o ordinário não tem valor.

Mas se vivermos o melhor o tempo todo, como celebrar o melhor?

Se tudo der certo sempre, o que ainda nos fará vibrar quando algo realmente bom acontecer? O extraordinário com o tempo passaria a ser desinteressante.




As melhores coisas da vida acontecem sem aviso.

Elas chegam quando não estamos vestidos adequadamente, e as recebemos com os cabelos despenteados.

São esses momentos que carregam verdade.

Mas se eu sei que algo extraordinário está para acontecer, eu quero me preparar, quero estar com a melhor roupa.

E às vezes, essa melhor roupa nem aparece na foto, porque está vestindo a nossa alma e não o nosso corpo. Uma alma que se alegra com as surpresas e os presentes inesperados de Deus.




Precisamos aprender a gradecer pelo ordinário. Um dia a casa estará vazia de brinquedos, o sofá arrumado e não precisaremos dar mais broncas porque as crianças cresceram. O ordinário de que tanto reclamávamos nos fará falta.

Pelas manhãs comuns, pelos dias iguais, pelas conversas simples, teremos saudades do ordinário.



Jesus amava o ordinário.

Gostava de estar em Betânia, na casa de Lázaro.

Porque lá tinha Maria — que representava a adoração.

Tinha Marta — o serviço.

E tinha Lázaro — a amizade.

E uma amizade não nasce em um dia. Ela nasce de todos os dias.

Mas no dia em que Lázaro ressuscitou, teve festa.




Teve extraordinário.

E o extraordinário deve ser celebrado.

Mas o ordinário precisa ser cultivado.

Brincar com o filho é ordinário.

O aniversário dele é extraordinário.

Mas se o aniversário fosse todo sábado, perderia a graça.

Imagine comer pizza todo dia, ou ir ao parque de diversões toda semana, nem as crianças aguentariam.




A gente precisa dos intervalos pra dar valor.

Quem vive só de festa se esquece do sabor da espera.

Mas é no cotidiano que se constrói fé.

É na rotina simples que Deus nos mostra o que realmente importa.

José do Egito entendeu isso.

Mesmo preso, continuava servindo, varrendo o chão da prisão como se fosse o seu palácio.

Ele sabia que o extraordinário vem para ser celebrado, mas o ordinário é o enredo onde Deus trabalha todos os dias.

O extraordinário precisa ser celebrado.

O ordinário precisa ser cultivado.

Porque é no comum que o milagre se prepara. Vista a melhor roupa na sua alma e viva com alegria e gratidão o ordinário, mas quando o extraordinário chegar , celebre. Celebre. Isso é o que realmente importa!

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