Imagem Produzida com ajuda da I A 



Por: Hugo Silva.

A primeira versão do conto Branca de Neve foi registrada em 1812, de autoria dos Irmãos Grimm. Porém, no enredo, a inimiga da protagonista não era a madrasta dela, mas a própria mãe, que, ao ouvir o relato do Espelho Mágico de quem era a mais bonita do reino, sofre um surto psicótico e decide exterminar a própria filha, pois não admitira ser superada em sua beleza pela própria filha. E, sobre o pai, ele não passa de uma figura ausente, que não interfere na relação conflituosa entre mãe e filha e, depois de um episódio inicial, não participa em mais nenhum momento na história.

Esse padrão de paternidade fragilizada aparece em muitos contos dos Grimm: a autoridade masculina não protege a criança, e o drama se concentra nas relações familiares femininas.

A figura de uma mãe narcisista era um tabu da época, por isso, os Irmãos Grimm modificaram o conto; a mãe foi transformada em madrasta, e eles mantiveram a lição sobre a inveja e destruição, mas sem desafiar a percepção idealizada da maternidade.

Hoje, podemos usar esse conto como reflexão. Quando uma família apresenta um padrão em que o cuidado e a atenção são marcados pelo narcisismo ou pela ausência, isso deixa crianças e adolescentes vulneráveis. Sem referências sólidas, muitos buscam refúgio em um mundo virtual, inspirando-se em influenciadores ou ícones que provavelmente nunca conhecerão pessoalmente. Assim, criam universos paralelos em que se sentem seguros, como a Branca de Neve, que conversa com animais imaginários, ou vivem aventuras impossíveis, como ela mesma, que fugia da dificuldade da vida real.

Branca de Neve, ao confiar cegamente em estranhos e se colocar em risco com a maçã envenenada, simboliza essa ingenuidade que pode surgir quando a proteção familiar falha. Mas a vida real exige outro caminho: enfrentar os próprios desafios, buscar apoio de pessoas confiáveis e aprender a amadurecer. Não se trata de culpar todos os pais ou mães, mas de mostrar que, quando a estrutura familiar é marcada por ausência, negligência ou comportamentos narcisistas, o desenvolvimento emocional e psicológico das próximas gerações fica extremamente comprometido.

O que realmente importa nisso tudo?

O futuro de nossos jovens! Ele depende de referências sólidas de cuidado, atenção e responsabilidade, de famílias capazes de equilibrar amor, limites e orientação.

Apenas assim é possível formar um adulto resiliente, capaz de lidar com o mundo real sem se perder nas ilusões.

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